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Simpósio Internacional AfroLab 2023 Escritas Afrodescendentes

O projeto de investigação AfroLab – A Construção das Literaturas Africanas. Instituições e Consagração dentro e fora da Língua Portuguesa 1969-2020 (PTDC/LLT-OUT/6210/2020) convida a comunidade académica a enviar propostas de comunicações para o Simpósio Internacional AfroLab 2023 – Escritas Afrodescendentes, a decorrer nos dias 9 e 10 de novembro deste ano.
Introduzido nos anos noventa do século XX por intelectuais e ativistas como forma de se referirem a uma subjetividade africana ancestral, o termo “afrodescendente” tem vindo a conhecer, nos anos recentes, crescente destaque. A realização, em 2001, da Conferência Mundial contra o Racismo, Discriminação Racial, Xenofobia e Intolerâncias Conexa consolidou a “afrodescendência” enquanto categoria analítica e de luta ao reconhecer não apenas a existência destas esferas populacionais mas, também e sobretudo, as disparidades socioeconómicas que historicamente as afetam. Na reta final da Década Internacional de Afrodescendentes (2015-2024) proclamada pela Assembleia Geral da ONU, urge repensar este conceito diverso, polimórfico e heterogéneo, atentando, simultaneamente, nos desafios hoje enfrentados pelas comunidades.
Na sequência dos nossos simpósios realizados em novembro de 2022 e maio de 2023 sobre a circulação das literaturas africanas em português e sobre as suas traduções, respetivamente, ocupamo-nos agora da terceira linha de atuação do projeto AfroLab, voltada para a investigação do enquadramento teórico dos autores de ascendência africana e o modo como estes se posicionam (ou são posicionados) na grelha literária e editorial.
A criação, circulação e consumo de categorias identitárias, epistemológicas e literárias como “afrodescendente”, particularmente relevante no contexto português (Calafate, 2022), ou “Afropean” (Hitchcott e Thomas, 2014; Pitts, 2019; Miano, 2020) e “Afropolitan” (Gikandi, 2011; Selasi, 2013; Harris, 2020; Hodapp, 2020; Mbembe e Chavet, 2020), estas últimas mais expressivas nos universos ditos «francófonos» ou «anglófonos», obriga a repensar trânsitos e fenómenos discursivos e críticos no seio da produção literária nacional. Por outro lado, conforme sinaliza Bucaioni (2023a, 2023b), ainda que seja precoce afirmar que a literatura afrodescendente portuguesa esteja a “substituir” ou a “ocupar” o lugar no qual previamente estavam instaladas as literaturas africanas de língua portuguesa, parece existir uma tendência do mercado editorial, das instituições e dos agentes culturais, da academia e do público para um interesse cada vez mais reiterado nas primeiras em detrimento das segundas.
É também importante denotar o modo como, em outros países europeus, se verificam tendências e tensões semelhantes ou paralelas às experienciadas em Portugal. Assim, nos anos recentes, tem-se assistido a um crescente interesse nas escritas de autores de ascendência africana, quer em contextos de já enraizada presença literária afrodescendente (como o Reino Unido ou os países europeus de língua francesa), quer em contextos de imigração mais recente (como a Itália ou o espaço de língua alemã). Finalmente, impõe-se relevar a tradução de obras de autores afrodescendentes de língua portuguesa para outros idiomas – um fenómeno que estabelece possíveis pontes de diálogo entre várias experiências e distintas estéticas afrodescendentes num âmbito mais alargado e europeu.

Os resumos podem ser apresentados em português ou inglês.

Eis uma lista de tópicos, que não é exaustiva:

Reflexão e enquadramentos teóricos sobre as categorias “afrodescendente”, “Afropean” e “Afropolitan”
A justaposição e a relação entre as literaturas africanas em português e a literatura afrodescendente portuguesa
Escritas afrodescendentes comparadas em diferentes realidades europeias
A tradução de obras literárias de afrodescendentes portugueses para outras línguas
A edição e circulação destas obras em diversos contextos
Reflexões sobre a produção artístico-performativa afrodescendente contemporânea

Cronograma
10 de Setembro de 2023: prazo para a apresentação de propostas, através de formulário online em https://forms.gle/oh1DRAfnwG4gyRTDA
20 de Setembro de 2023: notificação de aceitação/recusa das propostas por parte da equipa de organizadores.
09-10 de Novembro de 2023: datas do simpósio.

O evento será realizado em presença na Faculdade de Letras de Lisboa, estando no entanto prevista a possibilidade de incluir um ou dois painéis a serem realizados online, à semelhança do que aconteceu nos simpósios anteriores.

Referências bibliográficas:

Bucaioni, Marco. 2023a. “Literatura afrodescendente em Portugal. Algumas questões”
_______, 2023b. “Como se diz “afropolita” em português. Literaturas africanas, literatura negra portuguesa e afropolitismo”
Calafate, Margarida. 2022. “O Sentimento de um(a) Ocidental Declinado no Feminino”. Portuguese Literary & Cultural Studies, 34/35.
Gikandi, Simon. 2011. “Foreword: On Afropolitanism”. In: Jennifer Wawrzinek and J.K.S. Makokha (eds.). Negotiating Afropolitanism: Essays on Borders and Spaces in Contemporary African Literature and Folklore. Amsterdam: Rodopi, pp. 9-12.
Harris, Ashleigh. 2020. Afropolitanism and the Novel. De-Realizing Africa. London and New York: Routledge.
Hitchcott, Nicki e Thomas, Dominic. 2014. Francophone Afropean Literatures. Liverpool: Liverpool University Press.
Hodapp, James. (ed.). 2020. Afropolitan Literature as World Literature. New York/London: Bloosmbury.
Mbembe, Achille e Chavet, Laurent. 2020. “Afropolitanism as ethico-political stance”. NKA Journal of Contemporary African Art, 46: 56-61.
Miano, Léonora. 2020. Afropea. Utopie post-occidentale et post-raciste. Paris: Grasset.
Pitts, Johny. 2019. Afropean. Notes from Black Europe. London: Allen Lane.
Selasi, Taiye. 2013. “Bye-bye Barbar”. Callaloo, 36 (3): 528-530.

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